Um pouco sobre mim
Pra quem não me conhece, vou contar minha história, pra
quem já conhece peço um pouco de paciência. Em junho de 2007 fui internado na
ala psiquiátrica do Hospital Municipal de Maringá. Junto com a internação um
diagnostico errado que me levou há uma síndrome do pânico e a depressão. Um
diagnóstico errado e um
um código simples que pode acabar com as expectativas de vida de qualquer um:
F20.0 - Esquizofrenia paranóide. Segundo um dos médicos que me avaliou, minha
vida seria repletas de internações, surtos constantes e medicação permanente.
Mais de um ano se passou até que conseguisse retomar minha vida, o medo muita
vezes me assombrava e não tinha mais coragem de sair de casa sozinho, por
várias vezes tentei em vão atravessar uma rua, mas sem a companhia de alguém
era uma missão impossível.. Por conta do estado de apatia e letargia, um
relacionamento de 6 anos acabou, afinal nem eu estava me aguentando naquela
situação e acredito que se não fosse pelos esforços de minha família,
principalmente de meu irmão e minha ex-namorada ainda hoje estaria trancado no
meu quarto, como fiquei por quase dois meses.
Resolvi voltar a fazer algo que sempre gostei: andar de bicicleta. Na primeira tentativa, andei pouco mais de quinze minutos, voltei exausto, eram quase oito anos sem pedalar. Adotei a bicicleta aos poucos, indo e vindo para o trabalho algumas vezes por semana. Em uma destas voltas pra casa, reencontrei um amigo da adolescência, o Juliano Marega, mais conhecido como negão. Ele também estava voltando a pedalar e começamos a pedalar junto. As distâncias foram aumentando gradativamente e decidi me dedicar ao cicloturismo, por entender que esta modalidade permite um a maior contato com as pessoas e o ritmo das pedaladas era mais compatível com minha personalidade e forma física.
Resolvi voltar a fazer algo que sempre gostei: andar de bicicleta. Na primeira tentativa, andei pouco mais de quinze minutos, voltei exausto, eram quase oito anos sem pedalar. Adotei a bicicleta aos poucos, indo e vindo para o trabalho algumas vezes por semana. Em uma destas voltas pra casa, reencontrei um amigo da adolescência, o Juliano Marega, mais conhecido como negão. Ele também estava voltando a pedalar e começamos a pedalar junto. As distâncias foram aumentando gradativamente e decidi me dedicar ao cicloturismo, por entender que esta modalidade permite um a maior contato com as pessoas e o ritmo das pedaladas era mais compatível com minha personalidade e forma física.
Em fevereiro de 2009 fiz minha primeira
cicloviagem por agência, ainda não me sentia pronto para viajar sozinho.
Nesta viagem encontrei várias pessoas fantásticas com as quais mantenho contato
até hoje. Pode conhecer exemplos fantásticos que me motivaram a continuar
pedalando e superando meus medos. Quando retornei a Maringá, um grupo se
mobilizava para realizar a bicicletada em nossa cidade. Juntei-me ao grupo e em
abril daquele ano conseguimos tornar realidade a mobilização em nossa cidade.
Naquele ano ainda participei de desafios de longa distância
(Superando
Limites, Audax
Floripa, Audax
do Carvão)que me mostraram que o ciclismo não é um “esporte individual”
como muitos acreditam. Vi pessoas melhores preparadas, ajudando aquelas com
menor condicionamento a completar estas provas. Vivi a solidariedade e o
companheirismo que existe em muitos grupos de pedal ou entre pessoas que nunca
se viram, mas tem na bicicleta uma paixão em comum.
Tentamos montar um grupo com este espírito, no começo
éramos poucos e desconhecidos, o pessoal se conversava por meio de lista de
discussão e orkut, mas quase ninguém se conhecia pessoalmente. O grupo inicial
era: Fernando Manosso, Luiz Neto, André Marques, Lucas Mineiro, Fernando Inada,
Adriano Gabriel, Marcelo Castro e Juliano Negão. A convivência mostrou que
aquele discurso era coerente com a prática, em pouco tempo tínhamos um site
despretensioso que queria mostrar um pouco de nossos pedais e orientar o
pessoal que desejava pedalar, mas não sabia o que acontecia na cidade. Ainda
naquele ano participei do Encontro
Nacional de Bicicletadas em Curitiba, onde se encontraram os representantes
dos dois maiores movimentos do Brasil: São Paulo e Curitiba.
Em setembro,
liderados pelo Fernando Manosso realizamos o primeiro
desafio intermodal de Maringá, que demonstrou que a bicicleta é um veículo
muito eficiente no trânsito de nossa cidade. Conseguimos realizar nossa
primeira cicloviagem em grupo seguindo até a cidade de Faxinal, onde visitamos
algumas cachoeiras.
Na virada do ano junto com amigos de Curitiba e região
metropolitana de Florianópolis fiz minha primeira e única cicloviagem
internacional, a expedição Gira
por Uruguai.
Descemos em
Buenos Aires e fomos pedalando até o Chui-RS. A experiência
serviu prar mostrar que nem tudo são flores, tivemos alguns problemas na viagem
e embora num primeiro momento houvesse um descontentamento, muitas amizades
saíram fortalecidas. Aprendi que para viajar em grupo de bicicleta é preciso
afinidade, ritmo e interesses comum, além de uma boa dose de respeito.
Em 2010 comecei minhas viagens sozinho, tinha como meta
naquela época conhecer o Caminho das
Missões e a Estrada Real.
Embora muita gente tenha me dito pra não percorrer Missões no Rio Grande do
Sul, a teimosia foi grande e parti. Considero meu maior desafio até hoje, pois
a paisagem é bem semelhante a de maringá, com muita plantação de soja e um
calor insuportável com o termômetro acima dos 30-35 graus aos 8horas da
manhã.
Neste ano fomos em 3 participantes para o Audax
Floripa, a nossa intenção era lotar um fusca, fiz o Circuito Costa
Verde Mar , indo logo em seguida para o Encontro
Nacional de Cicloturismo onde conheci Rafael Limaverde que se tornou um
grande amigo. Aconteceu também nesta época o Bicicultura um evento
organizado pela UCB – União dos
Ciclistas do Brasil, que busca a participação dos diversos interessados na
bicicleta do país e busca soluções para o incentivo ao uso deste meio de
transporte.
Em Maringá a utilização da bicicleta começava a tomar
vulto, os empregados da SANEPAR organizaram o I Ecobike
e II
Ecobike e nos oferecemos para auxiliar na terceira edição no ano seguinte.
Além disto conseguimos que a SETRAN enviasse dois representantes ao Bicicultura,
onde puderam conhecer um poucoa mais da realidade da bicicleta em outras
cidades. No fim de ano o
Em 2011 junto com o DCE ajudamos na realização da bicicleta
que contou com cerca de 100 participantes, fomos para o Audax
Floripa com 9 participantes. Conseguimos realizar mas uma cicloviagem em
grupo, desta vez mais estruturada, levamos alguns amigos e amigas a Prudentópolis-PR,
onde puderam ver de perto a beleza das cachoeiras gigantes e sentir o gosto de
superar longas distâncias num relevo bastante acidentado. Conseguimos tambme a
participação de uma representante da SEPLAN no Fórum
Internacional sobre Mobilidade Urbana, onde foram apresentadas as
experiêncais de bogotá, londres, entre outras cidades que optaram por um
transito mais humano.
Desde março tivemos algumas reuniões na Câmara Municipal
para tratar do plano cicloviário da cidade e de uma passeio cilsitico semanal
custeado pela prefeitura, algumas de nossas recomendaçoes foram atendidas e outras
não. Existem algums coisas a ser alteradas, precisamos retomar as
discussões.Neste mês também nascia o Ktracas,
um grupo de aposentado de Astorga que incentivados pelo Adriano Gabriel
começaram dar suas primeiras pedaladas. Em nossa cidade, o pessoal da Sport Bike
começava a organizar seus primeiros pedais voltado aos inicantes, participamos
de alguns e ajudamos na divulgação, teve trilha que contou com quase 80
pessoas.
O terceiro
Ecobike deixou de ser um passeio e começou a se tornar um evento voltado a
bicicleta. Conseguimos trazer Rafael Lima verde para falar se sua viagem de
2anos e meio pela A.latina de bicicleta, graças principalmente a colaboração do
Francisco Freire. Nossa pretensão era atingir 200 ciclistas e fomos obrigados a
encerrar as inscrições uma semana antes pois já havíamos ultrapassado nossa
meta. Ainda auxiliamos o Rotary no passeio ciclístico Pedalando
contra a Pólio. Fomos a Toledo, Rolandia, Presidente Prudente para
participar de alguns pedais.
O ano de 2012 começou com um evento que possibilitou
diversas ações no país: O Fórum Mundial de Bicicleta.
Pude participar e manter contato com representantes das diversas bicicletadas
do país, além de estreitar os laços de amizade com representantes da UCB e
interessados pela causa da bicicleta em todo o país. Pouco tempo após meu
retorno uma notícia triste: atropelamento de mais uma ciclista na Avenida
Paulista, quase no mesmo lugar em que anos atrás havia sido atropelada a Márcia
Prado. A mobilização do pessoal no Brasil inteiro foi incrível, cerca de 50
cidades conseguiram realizar uma bicicletada no mesmo dia. A bicicleta tinha
conquistado seu espaço, ao menos na mídia, ao mesmo tempo que isto me alegrava,
também fiquei ressabiado por saber que este ano é um ano político e logo os
oportunistas de plantão iriam aparecer.
No Audax
Floripa conseguimos levar aproximandamente 50 pessoas entre pedalantes e
familiares, a organização desta excursão e do Ecobike aliadas a problemas de
saúde acabaram me afastando dos pedais. Neste ano o Ecobike contou com a realização
do fórum de bicicletas,
excelente oportunidade para se discutir os problemas de nossa cidade e
incentivar o uso da bicicleta, algumas palestras nos surpreenderam com a participação
do público, na maioria das vezes foi maior que nossa expectativa mas a grande
frustração foi o espaço dedicado a mobilidade urbana, a platéia foi bem abaixo
do esperado. Foram muitas pessoas envolvidas, mas acredito que sem o empenho do
Odair, Márcia -SESC, Luiz Henrique, Francisco, Adriano, nada teria sido feito
ou teriamos uma organização. Agradeço de coração a cada amigo que se apresentou
voluntariamente para ajudar no decorrer do evento, ao pessoal da SANEPAR que
nos dá todo apoio e tornam este evento cada vez maior.
Particularmente estou envolvido mais ativamente com a
bicicleta há 4 anos, mas sempre utilizei a bicicleta como meu principal meio de
transporte até os 22 anos, há dez anos não tenho carro, utilizo somente moto ou
bicicleta em meus deslocamentos.
Não me considero cicloativista, acredito que o melhor
ativismo é o exemplo.Alguns vão achar o texto longo, confuso, não sou bom com
palavras, esta arte deixo aos políticos que adoram bajular, adular e “nos
incentivar” com lindas palavras.
Não acredito que qualquer político possa mudar nossa
realidade, ela só é mudada com a participação das pessoas, quanto mais gente
sincera estiver envolvida, maior a chance de conseguirmos alguma mudança.
Conseguimos ter visibilidade, as mudanças ainda são pequenas, mas existem.
Temos um longo caminho a percorrer. Durante este período pedalei com diversos
grupos de Maringá, tenho especial apreço pelo comportamento dos Vaidosos, por
toda a organização e empenho em transformar o grupo em uma família. Outros
grupos ainda não tive a oportunidade de participar, mas tenho acompanhado a
seriedade e o empenho em divulgar cada vez mais a bicicleta.
Eu realmente acredito na bicicleta como fator de mudança,
hoje todos meus amigos, exceto os que mantenho relacionamento por conta de meu
trabalho, estão relacionados a bicicleta. Conheço pessoas realmente
interessadas e dispostas a divulgar a bicicleta como meio de transformação,
amigos e conhecidos espalhados do Rio Grande do Sul ao Amazonas, pessoas que
como eu perceberam o potencial que a bicicleta tem de aproximar as pessoas. Neste
período vi muitos amigos de minha cidade, se lançarem em suas primeira
cicloviagens e a participar de eventos não competitivos
De qualquer forma, deixo aqui minha reflexão e minha
crítica ácida com relação a qualquer espertalhão político. Lembre-se
sempre que somos seres pensantes e, portanto donos de nossas próprias idéias e,
que não permitiremos que se apropriem de uma manifestação livre, espontânea e
sincera para benefícios individuais meramente politiqueiros. Que as eleições
acabem logo, para que possamos ver quem realmente “abraça” a causa, ou só esta
vendo em toda esta manifestação um meio de se promover.
Muito bom!
ResponderExcluire melhor ainda é saber que, para nós ciclistas.... isso é só o começo....
parabéns...
Vou me tornar repetitiva, mas vc é uma pessoa ESPECIAL!! Merece todos meus aplausos e de pé!!!
ResponderExcluirParabéns por ser esta pessoa maravilhosa, ética, dinâmica, guerreira!! Te admiro muito!! Tenho maior orgulho de ter te conhecido!! Bjs
Que linda história, Marcelo! A bicicleta como cura de um diagnóstico errado (?)... surreal! Além de curar, as bikes educam, ensinam equilíbrio, dão um ritmo à retina tão privilegiado: fiquei imaginando as imagens todas que vc curtiu nessas pedaladas todas; parabéns! Sua forma de ativismo tem ainda mais o meu respeito. Infelizmente, dependemos dos políticos para a promoção de políticas públicas que abram caminhos na cidade para as nossas magrelas, caminhos que 'aceitem' nossas rodas de forma que tenhamos o respeito dos carros. Penso que temos força suficiente para eleger alguém que nos represente. Super beijos no coração!
ResponderExcluirMarcelo!!!
ResponderExcluirBeleza?
Não tenho muito o que dizer, a não ser que sempre disse e acreditei que a bicicleta é um veículo humanizador e transformador. Mas isso para quem se permite!
Que bom que você se permitiu muitas coisas na vida e que a bicicleta faz parte desta história linda.
Mais uma vez parabéns pela lição de vida, pelo exemplo e pela especialidade de sua pessoa!
Gosto de você meu amigo!
Sigamos adiante sempre pedalando e vivendo.
Grande abraço e se cuide.
Fábio (FES)