Conheci e aprendi muito em um ano.



Um texto que gostaria de ter escrito

"Aprendi que estar só não é o mesmo que solidão. Me sinto muito mais solitário em uma movimentada cidade do que quando pedalo sozinho no deserto.
As pessoas que amo nunca saíram de perto de mim. Aprendi que distância não é a mesma coisa que ausência.
E o que sinto por essas pessoas, ainda que pedale 20, 30, 40 anos, nunca vai mudar. Aprendi que sentimentos não enferrujam com o tempo.
Aprendi que a natureza é uma obra prima que a maioria de nos ainda não aprendeu a admirar e muito menos a respeitar.
Aprendi que o cérebro e o órgão mais potente do corpo humano. Quando as pernas tremem pelo peso do pedal. Quando as costas, de tão doloridas, parecem atravessadas por alfinetes. Quando as mãos já não suportam segurar o guidão, se mesmo com tudo isso o cérebro estiver equilibrado, pode-se ir ainda muito longe.
A impossibilidade de carregar coisas, seja pelo peso ou pelo espaço, me ensinou muito. Aprendi que a maioria das coisas que levamos nessa nossa viagem que é a vida terá como única função pesar em nossa existência.
Aprendi que as coisas que realmente importam não pesam e não ocupam espaço nenhum, a não ser no coração.
Aprendi que muita idade não é o mesmo que velhice.
Aprendi que um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um aceno ou uma buzina, um novo amigo, um e-mail com palavras carinhosas ou um telefonema cheio de saudades... Isso é o que legitima a vida. Isso é que nos toma humanos.
Ressignifiquei várias coisas. Um copo d'água, um prato de comida, um café, uma fruta, um chocolate, uma cama com cobertor, ou até mesmo um pé de parede onde estender o saco de dormir, tudo isso tomou uma dimensão completamente diferente. Aprendi que quando se vive intensamente, um ano parece dez. ..."

Rafael Limaverde - Pelos caminhos de nuestra América

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